
É tão engraçado quando escuto a frase "criei todas do mesmo jeito", e de repente, olho ao meu redor e percebo que na verdade nos completamos justamente devido a esta diferença.
Às vezes me sinto um pouco culpada por não ter dado um irmão ou uma irmã ao meu filho, visto que provei a alegria de conviver anos e anos com minhas irmãs, e até hoje poder ainda compartilhar alegrias e tristezas. Mas o mundo, como dizia Renato Russo, anda "tão complicado", que dá vontade de sair correndo. Eu tento dizer a ele para sempre tratar um amigo como um irmão. E sabe que muitas vezes dá certo?
Muitos dizem que as amigas são as irmãs que pudemos escolher. E eu faço mais um comentário: ainda bem que apesar de não termos escolhidos nossas irmãs, tivemos sorte.
Não vou falar de mim.
Vou falar de minhas irmãs.
A primeira irmã, é aquela que todo filho temia ser...A primogênita, aquela que carregou toda a responsabilidade da segunda, terceira e quarta irmã, mesmo que ninguém a tivesse obrigado a fazer.
É a irmã que mais se preocupou com tudo, até com a temperatura, nos dias de dor de garganta. Ai, como ela sofria.
Chamávamos de "a medrosa" (sim, a chamávamos), e este "adjetivo maldoso" há pouco tempo nos calou, depois de uma forte e dolorosa perda que passou por sua vida. Lá pudemos constatar que o seu medo era somente zelo, pois tivemos a oportunidade de conhecer a heroína irmã que mostrou toda a sua força, tornando-se, talvez, a melhor de todas nós.
A segunda irmã, ah...é difícil e fácil de falar ao mesmo tempo.
Como adjetivo, diria complexa.
Talvez por ser a mais reservada, porém generosa.
Acho que o seu melhor adjetivo.
Vivo tentanto tirar algo lá de seu íntimo, mas é difícil, nem sempre tenho sucesso...
Na verdade, sempre quis ter muitas de suas qualidades. Uma delas a força de vontade para manter a forma e a casa brilhando.rsrs
Enfim, ninguém é perfeito, nem em uma família quase perfeita.
Ela na verdade seria a guerreira da família, que não se deixa abalar e defende sua prole com unhas e dentes. Vejo nela um modelo de mãe que queria ser. (gente, não sou invejosa, tá?)Aquela mãe zelosa, presente, atenta e cautelosa.
A terceira... sem comentários...pois sou eu.
A quarta..ah, essa veio de encomenda. Esta é fácil de falar. Adoro falar sobre ela. Esta é aberta, até demais, se tem problemas, quer que eu e o mundo inteiro a escute e resolva naquele minuto.
É a que mais deu e dá trabalho. Porém, tenho certeza que esta nasceu para trazer algum ensinamento, ou encantamento. Sei lá.
Sei que a cada dia ela tem uma história para contar. Às vezes até que boa, outras, engraçadas, outras trágicas e inacreditáveis.
As inacreditáveis são realmente inacreditáveis.
Com ela é assim.
Tudo que lhe acontece, é de uma profundidade exaustiva.
Pergunto-me até se quero realmente saber.
Porém, como todas as outras 2 irmãs, a generosidade é algo em comum entre elas, ou fora do comum.
E sabe de uma coisa? Descobri que através da dança, ela arrumou um meio de extravasar todas suas afliçõs e angústias do dia a dia, acredito que seja ela a que realmente encontrou uma forma de superar e lidar com suas dificuldades.
Percebo então que isso sim, foi resultado de uma criação interessante, passado pelos nossos pais, que incansavelmente repetem a frase acima citada: "criamos todas do mesmo jeito". Tenho certeza que são nestes ensinamentos que nos reconhecemos irmãs, através de nossos próprios defeitos, e nos tornamos,com o passar do tempo, reflexo de nossa própria existência.
Beijos fraternos